Estou cansado, é claro,
Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado.
De que estou cansado, não sei:
De nada me serviria sabê-lo,
Pois o cansaço fica na mesma.
A ferida dói como dói
E não em função da causa que a produziu.
Sim, estou cansado,
E um pouco sorridente
De o cansaço ser só isto —
Uma vontade de sono no corpo,
Um desejo de não pensar na alma,
E por cima de tudo uma transparência lúcida
Do entendimento retrospectivo...
E a luxúria única de não ter já esperanças?
Sou inteligente; eis tudo.
Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,
E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,
Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.
Álvaro de Campos, in "Poemas"
Heterónimo de Fernando Pessoa
"Este poema é apenas para dizer a vocês como me sinto, de ontem para hoje dormi apenas alguns minutos. Como a vida nos cansa? Mas mesmo assim, quando lembro do meu namorado e das conquistas que estamos tendo, sinto que devo seguir em frente e descansar quando der, mas nunca desistir."
1 comentários:
parabéns querido por esta sua perspectiva de vida ... é por aí mesmo ... vc está certíssimo ...
bjão
Postar um comentário