terça-feira, 18 de outubro de 2011

Curiosidade: Tamanho do cérebro está ligado ao número de amigos no Facebook, diz estudo

Pesquisadores da University College London descobriram que o tamanho de algumas regiões é maior em quem tem mais amigos na rede social. A relação entre "amigos de verdade" e amigos virtuais também foi estabelecida




O número de amigos que você tem no Facebook e o tamanho de seu cérebro estão diretamente relacionados. Pelo menos é isso que afirma um novo estudo a ser publicado nesta quarta-feira (19) pela Proceedings of the Royal Society B, periódico científico do Reino Unido. Segundo um grupo de cientistas da University College London (UCL) patrocinados pelo Wellcome Trust, quanto mais amigos na rede social se tem, mais propensa a ter mais amigos de verdade a pessoa é.
O professor Geraint Rees, pesquisador da UCL, estudou, junto com sua equipe de cientistas do Instituto de Neurociência Cognitiva da UCL, os cérebros de 125 universitários que usassem ativamente a rede social. Depois, compararam os resultados com análises dos amigos desses estudantes - tanto amigos virtuais quanto amigos próximos, da vida real. Ao final, descobriu-se que há uma relação entre o número de amigos no Facebook e a quantidade de massa cinzenta em regiões específicas do cérebro.
Os pesquisadores são enfáticos, no entanto, ao afirmar que os resultados apontam uma correlação entre esses dois fatores, e não uma causa. Não é porque uma pessoa faz muitos amigos que ela vai automaticamente desenvolver algumas regiões de seu cérebro -portanto, não adianta sair enviando pedidos de amizade a todos.


A massa cinzenta é o tecido cerebral, parte do sistema nervoso humano em que o processamento de dados e sentimentos é feito. “Redes sociais online mostraram ter bastante influencia em nosso cérebro, mas ainda assim entendemos muito pouco de seu impacto. Isso já levou muitas pessoas a crer que a internet, na verdade, faria mal para nós”, afirma Rees.
Ao contrário. O que se descobriu, por exemplo, é que a amídala cerebelosa, região geralmente associada ao processamento das memórias e às respostas emocionais, é maior em quem tem mais amigos no Facebook.
“Os resultados poderão ajudar a entender como as interações nossas com o mundo são mediadas pelas redes sociais. Isso nos levaria a começar a levantar questões interessantes sobre a relação entre o cérebro e o uso da internet - perguntas de cunho científico, não políticas”, diz Rees.
Em outras três regiões cerebrais também foram observados tamanhos aquém do comum. No sulco temporal superior - que rege nossa percepção de objetos em movimento como biológicos e tem ligação com casos de autismo quando defeituoso -, o tamanho observado foi bastante diferente; no giro temporal médio, o aumento da massa ficou associado ao aumento na percepção de mensagens sociais - a região tem ligação com nossa percepção ao olhar do outro; e, por fim, foram vistas mudanças no tamanho do complexo entorrinal, associado às memórias e ao senso de navegação.
“A pergunta agora é se essas estruturas cerebrais mudam com o passar do tempo ou não - isso nos ajudaria a responder a questões sobre se a internet está mesmo mudando nossos cérebros”, afirma o doutor Ryota Kanai, autor do estudo

Ligação entre a vida virtual e real
Outra das descobertas dos pesquisadores da UCL foi o estabelecimento de uma relação entre a quantidade de amigos no Facebook e de amigos na “vida real”. “Nossas descobertas mostram que a maior parte dos usuários do Facebook usam a rede social para manter suas relações de amizade já existentes, reforçando-as ao invés de apenas criar novas amizades virtuais”, diz o professor Rees.
Foi pedido aos universitários para que respondessem a perguntas como: “Para quantos amigos mandaria uma mensagem de texto em uma data comemorativa (ex: aniversário, novo emprego, etc.)?”; “Qual é o total de contatos de amigos que você tem em seu celular?”; e “Com quantos amigos da escola ou da faculdade você acredita que poderia ter uma conversação amigável hoje?”. Cruzando as respostas com as redes de amizades deles, os pesquisadores identificaram que aqueles com mais amigos online tinham também mais amigos “de verdade”.
“Não podemos fugir da ubiquidade da internet e de seus impactos em nossas vidas, e ainda assim entendemos pouco de seus impactos em nosso cérebro. Só sabemos que podem mudar com o passar do tempo. Este novo estudo ilustra como invenções bem desenhadas podem nos ajudar a entender se nossos cérebros estão ou não evoluindo ao passo em que se adaptam aos novos desafios impostos pelas mídias sociais”, afirma o doutor John Williams, chefe do Departamento de Neurociência e Saúde Mental do Wellcome Trust.

O Facebook tem, hoje, mais de 800 milhões de usuários ativos - 30,9 milhões deles só no Brasil, de acordo com uma pesquisa do instituto Ibope Nielsen. Para os pesquisadores do instituto Wellcome Trust e da UCL, o desafio de entender os impactos dessa gigante rede social no desenvolvimento do cérebro humano tornou-se prioridade, segundo Williams. 

Fonte Época

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